5 setembro, 2023
A nova configuração do BRICS pode ajudar o Brasil?
Com o bloco fortalecido, país pode ganhar espaço na geopolítica mundial, mas não no setor automotivo
A nova configuração dos BRICS, com a entrada de seis novos países, pode dar mais espaço para o Brasil no trânsito internacional. Porém, a indústria automotiva brasileira não deve se beneficiar desta nova dinâmica.
A partir de janeiro de 2024, Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos passarão a fazer parte do bloco de nações emergentes. É a primeira expansão desde 2011, quando ocorreu a entrada da África do Sul.
Com isso, o BRICS terá cerca de 46% da população mundial e quase 36% do PIB global em paridade de compra.
Mercados podem ser abastecidos pela China
Para Fernando Trujilo, da S&P Global, os países que entraram no bloco não têm mercados consideráveis e indústrias fortes.
“Os países que entraram não trazem muitos benefícios para a indústria brasileira. A Argentina já e um parceiro importante, agora, os outros são mercados pequenos”, acredita o executivo. “Já os Emirados Árabes têm características diferentes do Brasil, pois, são mercados mais de carros de luxo.”
Para ele, a China deve ganhar mais com a nova configuração, pois, poderá abastecer os mercados com os veículos produzidos por empresas locais.
“A China deve dominar estes mercados, pois está crescendo globalmente, entrando forte na Europa e no México. As empresas chinesas estão mais preparadas em termos de volume e custo, para atender melhor aos BRICS”, pondera Trujilo.
Brasil ganha relevância no contexto mundial
Se para a indústria automotiva brasileira a nova configuração do BRICS não trará ganhos para o Brasil, na questão geopolítica pode ser diferente. Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, disse que a associação dará acesso diferenciado aos seus membros e o país, como um dos fundadores, pode ser beneficiado.
“O mundo queria muito o BRICS. É uma associação relevante e alguns países estão insatisfeitos com a condução da economia global pelos Estados Unidos e Europa. Então, fazer parte dos BRICS é uma coisa boa. Pior é ficar fora”, diz Paz.
Segundo ele, outros 23 países manifestaram o desejo de fazer parte da associação. “O bloco pode articular e ter uma visão ou um posicionamento maior nas decisões no mundo. E isso é positivo para o Brasil, é um país grande, um dos fundadores e tem uma diplomacia de alto nível e deve conseguir pautar os seus interesses.”
Em relação à pauta verde, Paz ressaltou que a entrada de nações mais voltadas aos combustíveis fósseis, como a Arábia Saudita e Emirados Árabes, não deve atrasar a agenda ambiental da China e do Brasil.
“Os países têm autonomias em relação às suas agendas ambientais, e Brasil e China não devem mudar os rumos de suas políticas em função da entrada de novos membros, que também estão atentos às iniciativas sustentáveis”, afirma o pesquisador da FGV.
por: automotivebusiness.com.br - Notícias Amalcaburio
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